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Sobre o Cirurgião

Como me encantei com a Cirurgia Plástica

 

Carlos Alberto Miranda - no caso, eu, um menino de classe média baixa - tinha um sonho quase inatingível: entrar para a faculdade de medicina. Naquela época, o único caminho era o vestibular. Os cursinhos preparatórios se proliferavam e muita gente passava dois, três, cinco anos para entrar na universidade. Me disseram que era impossível conseguir sozinho: cedo ou tarde, eu teria que me matricular em um cursinho também. Mas como? Meus pais não poderiam pagar a mensalidade. Acontece que a minha vontade era maior que o mundo. Eu estudava de manhã e de tarde, voltava para casa, tomava banho, jantava às 18 horas e dormia até 1 hora da madrugada para levantar de novo, aproveitar o silêncio da casa e estudar até as seis da manhã, que era a hora de voltar para o colégio e começar tudo outra vez. No dia seguinte era a mesma rotina e assim foi, dia após dia, até o final daquele ano.

Janeiro trouxe a boa notícia: fui aprovado para o Curso de Medicina da UFF. Naquela época, eu ainda não tinha completado 18 anos e precisava de autorização dos pais para tudo, mas já tinha os primeiros sintomas e sonhos da vida adulto. A medicina, cada dia mais, alimentava meus projetos e pensamentos sobre o futuro. Com o desenrolar do curso, minha história tomou outro rumo, totalmente por acaso. No início do segundo ano, eu estava de plantão, quando soube que o auxiliar médico do cirurgião plástico do hospital havia faltado e eu teria que substituí-lo no centro cirúrgico, mesmo sem nunca ter visto ou tido a menor experiência naquela área. Não havia outra solução, teria que ser eu mesmo. Olhando em retrospecto, posso dizer sem medo de errar que estava no lugar certo, na hora certa. Apesar do meu nervosismo, também havia uma espécie de encantamento e de descoberta diante do novo. A cirurgia plástica entrou nas minha veias naquele momento. Lembro de tudo até hoje com detalhes. Era uma cirurgia de abdome. Deitada no leito do hospital, uma senhora da idade da minha mãe. Imaginei a felicidade daquela mulher depois da cirurgia, quando então voltaria a ter o corpo perfeito, o corpo assim como era antes de ter tido filhos. Pensei também que a felicidade daquela mulher seria como a felicidade da minha mãe e de muitas outras mães, filhas, esposas, mulheres brasileiras.

Depois disso, não teve mais volta. Em casa eu só falava sobre cirurgia plástica. Foi assim até o dia em que um cirurgião, surpreso com meu interesse, perguntou se eu gostaria de me candidatar a uma vaga na clínica que tinha inaugurado em Icaraí. Prontamente respondi que sim. Fui escolhido e trabalhei nessa clínica por 10 anos. Ao longo desse período, assisti às mais maravilhosas cirurgias plásticas da minha vida, assim como os melhores cirurgiões do mundo em ação. Todos passaram por lá. Para citar de todos apenas um, o saudoso Dr. Ivo Pitanguy muitas vezes esteve conosco, sempre a nos lembrar que o principal elemento da cirurgia plástica é o ser humano.

Após dez anos, profundamente agradecido, deixei a clínica para seguir meu próprio caminho. Hoje transmito tudo que aprendi para os mais jovens, inclusive para os meus filhos, que são também meus colegas de profissão. Tive a imensa felicidade de realizar, através da plástica, o sonho da minha mãe, que há muito tempo se sentia insatisfeita com o próprio corpo. Todas essas alegrias – que não são poucas – a minha profissão me deu.

Amo tanto a cirurgia plástica que cada vez que entro no centro cirúrgico é com a mesma emoção do primeiro dia. Contemplo os corpos dos meus pacientes como se fossem esculturas. Tenho grande prazer no que faço. Hoje opero ao lado da minha família, da nova geração, cheio de orgulho, e me especializo cada vez mais na realização dos sonhos das outras pessoas. Podem ser homens, mulheres, crianças, jovens ou idosos, atendo a todos com profundo afeto e respeito, para que chegar o mais perto possível das suas expectativas.

Para se tornar um cirurgião plástico, primeiro é preciso cursar Medicina por 6 anos, seguidos de 3 anos de cirurgia geral e 3 anos de cirurgia plástica. É um longo caminho a ser percorrido. Felizmente, vale a pena.


Obs: É imprescindível que o médico dê a orientação adequada para cada caso. Um procedimento íntimo e delicado como a cirurgia plástica tem que contar com uma perfeita sintonia entre cirurgião e o paciente.

Dr. Carlos Alberto Miranda
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